Páginas

10 de nov. de 2012

Matriz energética brasileira


DIVERSIFICAR É A MELHOR OPÇÃO

              A construção de indicadores de desenvolvimento sustentável no Brasil integra-se ao conjunto de esforços internacionais para concretização das ideias e princípios formulados na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, no que diz respeito à relação entre meio ambiente, sociedade, desenvolvimento e informações para a tomada de decisões.
 A analista ambiental Ana Maria Dolabella, com base em sua experiência à frente da Diretoria de Licenciamento e Avaliação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), insiste na importância da diversificação da matriz energética brasileira. Ela destaca a importância da energia de biomassa e salienta que não devemos pensar apenas em bagaço de cana de açúcar: “Em 2010, fizemos uma pesquisa para subsidiar os processos de licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica por biomassa, e amostramos 94% dos empreendimentos em operação no Brasil. 
Nesse estudo, constatouse que está sendo usado, além do bagaço de cana, resíduo de madeira, licor negro (ou lixívia, rejeito tóxico das indústrias de papel e celulose), casca de arroz, capim elefante, resíduo sólido urbano, excrementos de animais, entre outros resíduos”. Dados disponíveis no Banco de Informações de Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) mostram existir hoje no Brasil 400, empreendimentos de geração de energia elétrica por biomassa, responsáveis pela produção de 7.986,9 MW de potência que representam 6,5 % da matriz energética brasileira. Ana Dolabella acrescenta que, embora a cana represente quase 80% da energia gerada por biomassa, o resíduo de madeira vem crescendo de importância e se estima um potencial de 1.300 MW dessa fonte que poderiam ser aproveitados no Brasil.
Para a bióloga Vânia Soares, que possui mestrado em ecologia, não existe um modelo de produção de energia que seja 100% limpo e seguro. As pequenas centrais hidrelétricas (PCH), por exemplo, que produzem até 30 MW, é instalado principalmente em rios de pequeno e médio porte que possuem desníveis significativos durante seu percurso, para gerar potência hidráulica suficiente para movimentar as turbinas.
No conjunto, explica Vania, as PCH geram menor impacto ambiental, mas localmente podem causar fragmentação de rios. Já as termelétricas são uma opção como backup. “Nos períodos de menor oferta pluviométrica, termelétricas que usam biomassa, reaproveitando resíduos, podem ser opções para pequenas comunidades”, acrescenta. Em sintonia com o MME, Ana e Vania defendem a diversificação da matriz energética brasileira, mas sem a ampliação do uso da energia nuclear, devido ao tamanho e à imprevisibilidade dos riscos. Não são as únicas a pensarem dessa forma.
Hirose Takashi, escritor japonês que tem criticado duramente as ações da Tepco em Fukushima, em seu livro Nuclear power plants for Tokyo questiona: “se os defensores da ideia [de geração de energia elétrica por usinas nucleares] têm tanta certeza que as centrais nucleares são seguras, porque não construílas no centro da cidade em vez de a centenas de quilômetros, quando se perde metade da energia pelos cabos condutores?”.

Leia mais
  1. Ciência e Cultura - Matriz energética diversificada é opção mais segura para o país.
  2. IBGE 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário